4 dias em Koh Rong Saloem
Primeira paragem - Sihanoukville.
Não começámos muito bem. O nosso voo de Ho Chi Minh para Sihanoukville atrasou 7 horas. Yei!
A viagem foi marcada pela Vietnam Airlines e o voo era às 9h da manhã, mas como são voos domésticos que não costumam ter muita gente (são voos curtos, muitas vezes nem de 1 hora, mas que por terra são mais de 7 horas de viagem), eles remarcam para quando têm o voo cheio, e assim não têm de fazer a viagem duas vezes e gastar mais combustível. Bonito, não é?
Tivemos então de marcar uma noite em Sihanoukville porque os barcos para Koh Rong só funcionam até às 16h e o aeroporto é a uma hora do cais.
Sihanoukville, é, neste momento, uma cidade de estradas em terra, edifícios em construção e turistas no cais a apanharem os barcos para irem para as ilhas. Não existe mais nada para além disso e o que existe de “mercado” ou comércio é todo à volta daquela zona do cais. Pelo que percebi, nesta cidade foi tudo comprado por chineses e a ideia é construírem casinos, parques de diversão e edifícios de luxo para chamarem mais turistas chineses. Um cenário muito triste porque não há sequer condições para estas obras, e quem trabalha não tem protecção nenhuma. Os locais também deixaram de conseguir pagar as rendas e foram forçados a sair das casas onde viviam desde sempre para viver em condições desumanas.
O sítio onde ficámos era perto do cais, e os donos eram estrangeiros e muito simpáticos, mas infelizmente compraram o hotel pouco antes das construções começarem e os hóspedes que recebem são pessoas como nós, que tiveram atrasos com as companhias aéreas e acabam por passar a noite na cidade para apanharem o barco de manhã.
. . .
First stop - Sihanoukville.
We didn’t start very well. Our flight from Ho chi Minh to Sihanoukville was 7 hours delayed. Yes!
We booked the flight through Vietnam Airlines and it was supposed to be at 9 am, but because domestic flights usually don’t have that many people, they change the flight until all seats are taken, that way they only have to make one trip and save on the fuel. So smart.
So we had to spend one night in Sihanoukville, which was not in our plans. The boats to Koh Rong work only until 4 pm and from the airport to the docks it’s a one hour trip, so we didn’t have a choice.
Sihanoukville is now a city of dirty roads and buildings in construction. There’s nothing more to it and for what I understand, the city was bought by Chinese and their idea is to build more casinos, amusing parks and luxury buildings so their main tourists will be Chinese. It’s a very sad scenario because these constructions don’t have the necessary conditions for those who work in them and all the locals are being expelled from their homes and can’t afford the rents because it has increase immensely.
The place we stayed was nice, near the dock and the owners were foreign and very nice people. Unfortunately, they bought the hotel right before the constructions started, so their guests are mainly people like us, who lost lost their flights and need a place to stay overnight.
Manhã seguinte - apanhar o barco para Koh Rong Saloem e deixar Sihanoukville para trás.
Apanhámos então o barco em direcção ao paraíso, e a meio da viagem, já a deliciar-me com um belo bagel fresquinho que comprei antes do embarque, o barco faz um som caquético e eu pensei, pronto. Vamos ficar aqui. É agora. O bagel quase que me saiu do estômago para voltar à boca.
Não, não foi assim tão dramático, mas a viagem do porto até à ilha ainda são 40 minutos, e são 40 minutos porque os barcos são rápidos, e o nosso barco tinha acabado de perder a “parte rápida”, ou seja, tivemos de voltar para trás a velocidade de passeio e apanhar outro barco.
Tranquilo. Está tudo bem.
. . .
Next morning - Catch the boat to the beautiful island and leave Sihanoukville behind.
We caught the boat towards paradise, and halfway through, while I was already eating my delicious bagel that I had bought still on land, the boat stopped. The second motor decided to stop and we had to go back to shore to get another boat.
No worries. It’s all good.
Não sei quanto tempo passou, mas sei que chegámos e que chegámos ao paraíso.
Não ficámos no resort da fotografia em baixo. Ficámos nuns bungalows muito simpáticos que são geridos por uma família russa que impõe muito respeito (estou a brincar, eram muito simpáticos, mas a verdade é que quando uma pessoa houve falar russo sente automaticamente que eles estão a planear a nossa morte).
Os bungalows são pequenos e têm o essencial, cama com rede mosquiteira, casa de banho e varanda. Para uma ilha pequena, não me parece nada mal.
Resumindo Koh Rong Saloem - é um sítio lindo e sossegado. A água é quente, a areia é branquinha, um verdadeiro paraíso na terra.
Nós optámos por esta ilha por ser mais pequena e ainda ter poucos hotéis, mas sentimos que mais dia, menos dia, irá pelo mesmo caminho das outras e os resorts luxuosos vão começar a aparecer.
. . .
I’m not sure how long it took us to get there, but we got there!
We didn’t stay in the place from the photo below. We stayed in a very cute bungalows that are managed by a very nice russian family.
Koh Rong Saloem is beautiful. The water is hot, the sand is white, a true paradise on earth.
We chose this island because it’s the smaller one and doesn’t have that many hotels, but sooner or later, we know it’s going on the same path as the other islands. Someone will take advantage of this and transform everything in luxury resorts.
Depois de vermos fotografias deste sítio lindo, eu gostava só de referir que paraíso só se mantém paraíso se as pessoas souberem conservar estes sítios. Infelizmente a nossa condição humana não permite que isso aconteça. Eu percebo, vamos de férias, as pessoas estão cansadas, frustradas do trabalho, e custa muito esticar a mãozinha até ao caixote do lixo.
Koh Rong tem dois grandes problemas, os turistas e os locais. Os turistas porque não sabem respeitar, porque possivelmente não tencionam voltar e então não vêem necessidade de manter o lixo dentro dos caixotes. Os locais porque têm problemas maiores que o lixo, vivem do turismo, e é isso que lhes interessa.
O que acontece em Koh Rong Saloem é o que acontece em todos os paraísos. Alguém descobre e é logo ganância máxima de - vamos aproveitar isto até ao máximo, dos máximos, dos máximos. Aquilo que nós vimos, possivelmente já não vão conseguir ver daqui a 2 ou 3 anos. Nós ainda encontrámos macacos num passeio que fizemos pela ilha. Ainda existem zonas sem pessoas, mas conseguimos ver o início das obras para construírem mais resorts, mais hotéis e deitar abaixo mais árvores. Vimos também que o lixo que não se vê nas praias onde estão os hotéis, vai parar ao outro lado da ilha, e quando não o conseguem queimar (sim, na Ásia queimam o lixo todo, seja tóxico ou não), vai parar ao mar.
No outro lado da ilha deparámo-nos com o terror. Todo o lixo que não víamos do nosso lado, estava ali, a boiar, a caminho da água, ali no canto da praia, como se ninguém fosse dar conta. Senti-me horrível e impotente perante aquele horror. o que é que eu faço? Limpo? Vou demorar horas, isto para não falar do lixo que já nem conseguimos ver, que já está na água ou já subterrado. Caguei. Vou limpar. A certa altura tive de aliviar a minha consciência e comecei a apanhar todo o lixo que consegui (foram 3 sacos grandes do lixo). Ia fazendo montinhos e lixo nos mesmos sítios, porque não tinha sacos, e a experiência começou por ser - olhem esta maluquinha a apanhar lixo -, para uma pessoa aparecer com um saco de lixo à minha frente e ajudar-me e depois, mais 4 pessoas começarem a fazer o mesmo. Quando acabámos, a praia estava completamente limpa. Apanhámos de tudo, sacos de plástico, tantos sacos, já completamente enterrados na areia, copos de plástico dentro de água, palhinhas, embalagens de toalhitas, tanto plástico, tanta merda.
Só no fim consegui ir à água. Parecia que estava noutra praia e soube-me tão bem aquele mergulho.
. . .
Now I’m sorry I’m such a big pain in your ass, but I have to talk about something that always bothers me a lot when I travel, and this is no exception. After seeing these beautiful pictures you may think “wow, what a beautiful place, I must go to this amazing, extraordinary piece of paradise here on earth!”, yes, you must, but let me just start by saying that places like these are only this paradisiac if we keep cherishing and respecting them. Unfortunately, our human condition doesn’t let us do that. I get it, we go on vacation and we don’t want to worry about anything, we are frustrated with our lives, our jobs, so we take it out in the first place we visit. Seems to me that when people are on vacation, it’s very hard for them to keep the trash in the trashcan. It’s so freaking hard.
So Koh Rong has these major problems, the tourists and the locals. The tourists because of what I said, and the locals because they have bigger problems than worrying about trash. What happens in Koh Rong is the same thing we see every time someone finds a beautiful place, instead of cherishing it, they start taking advantage of it and start to ruin what was so beautiful in the first place. What we saw, you probably won’t be able to see in 2 or 3 years. We found monkeys while wandering through the island. There are still spots where you don’t see anyone and there’s wildlife, but we also saw the beginning of new constructions, to build more resorts, more hotels, and throw down more trees. What a sad thing to see. What will happen to the monkeys we saw?
We also saw the garbage that you don’t see near the main resorts. It goes to the other side of the island, and when they can’t burn it (is Asia they’ll burn any trash, even the toxic one), it just stays there and then goes to the sea.
On this side of the island, it was terrifying. There it was, all the garbage we didn’t see near the place we were staying, staring at us, like it was nothing. I felt terrible, powerless and it took me a while to figure out what could I do, I know what I should do, I should clean this, I should start somewhere. And so I did. Looking like a crazy person, talking to myself and angry that people would accept something like this and have so little respect for others. I started collecting every kind of trash I could find, plastic bags, plastic cups, straws, anything you could think of, and I didn’t even have a bag, so I just started by doing small piles of trash and all the sudden someone appears with a bag and starts helping me and collecting all the piles. By the end of it, we were 6 people cleaning the beach and when we finished it was completely clean.
I was sweating like a pig (and got a sunburn), but it felt so good to take a dip in that cleaned water.
Esta ilha é muito fofa (fofa é dizer pouco), os dias passam a correr e sentimo-nos mesmo longe de tudo. A comida é óptima! Coisa que ainda não tínhamos sentido, por exemplo, na Tailândia que, apesar de ter ilhas maravilhosas, a comida que tinha era mais à base de sanduíches e hamburgueres. Aqui comemos peixinho! Peixinho fresquinho, embrulhado em prata no churrasco, com um tempero de bradar aos céus e feito por locais. Babo-me só de pensar nesse peixe.
Nota-se pela cara do Pedro que estávamos tristes de ir embora, principalmente depois de limparmos a praia, devíamos receber um dia extra ou assim.
. . .
This is an amazing island. The days go by really fast and we feel faraway from everything and everyone. And the food is also very good! Which was surprising because in Thailand was more touristic and there wasn’t fresh ingredients. Here we ate fresh fish with amazing seasoning, all made by the locals. I start drooling just thinking about that fish.
You can tell by Pedro’s face that we were sad to leave, specially after we helped clean the beach, we should get an extra day or something.